quarta-feira, 23 de março de 2011

Vergonha de ser brasileiro

  A consagração do narrador Cléber Machado aconteceu em 2002 e marcou o Brasil, marcou o esporte mundial, marcou o blogueiro, marcou até o alemão, que envergonhado, trocou de posto no pódio.

  Na Áustria, Rubens Barrichello vinha para sua segunda vitória na carreira, em uma corrida soberana. Do lado de cá, uma carência, vácuo de ídolos após a era Romário-Ayrton Senna que só viria a ser preenchida dois meses depois do acontecido na europa, em um torneio de futebol na ásia...

  Aconteceu que nosso Rubinho vinha, vinha, e não veio. A população brasileira, que já dava como certa tal alegria na manhã de domingo, engoliu um sapo. A Federação Internacional de Automobilismo teve trabalho para retirar as bandeiras, cartazes e etecetera jogados na pista pelo igualmente envergonhado público. A Scuderia Ferrari, atingindo o ápice da falta de dignidade, da babaquice e da picaretagem, ordenou - há quem diga, chantageou - o piloto brasileiro há reduzir sua velocidade nas últimas 10(!) voltas, para que Michael Schumacher, já com ampla vantagem na disputa pelo campeonato, tirasse os, sei lá, 15 segundos e vencesse mais uma. A mais desncessária de todas.



  Oito anos mais tarde, no extremo sul do continente africano, um ex-anão comandaria um time de canários... canários em busca do sol, da taça, enquanto nas terras tupiniquins, os habitantes sofriam para acreditar - e conseguimos - que era possível voltarmos campeões.

  Mas logo o primeiro jogo fez o sujeito encolher-se no sofá. Assistia deitado e virou-se, não queria acreditar que ao intervalo, a seleção brasileira de futebol, cinco vezes campeã mundial, olhava para os inexpressivíssmos norte-coreanos dizendo, como lembrando Regina Duarte: "tenho medo!". O Brasil estava com medo da Coréia! Da Coréia! Da Coréia do Norte! Que porra é essa? Que ódio, que vergonha.

  Com os treinos fechados mais secretos do mundo, os olhos puxados muito mais que confundiam e travavam a equipe brasileira. Estarrecia o povo que, hipnotizado, não acreditava no que via. Ali descobrimos: não havia espelhos nos vestiários sul-africanos, afinal. Kaká e compania certamente não contaram quantas estrelas havia em cima de onde a bandeira brasileira deveria estar. Certamente não bateram no peito. Certamente não gritaram: "eu sou é brasileiro!"



  Nossa nação nos dá orgulho aos montes. Para ficar só no âmbito esportivo, não há quem não tenha o ego balançado positivamente ao ver o coração de Guga em Roland Garros, ao lembrar o abraço entre Galvão Bueno e Pelé em 94, ao ver Daiane dos Santos explodindo para o mundo com seus saltos e vitórias. Ou ao saber que o melhor jogo de vôlei de todos os tempos foi uma final na qual estivemos representados e ganhamos. Vencemos a final da Liga Mundial.

  Sim, muito orgulho, talvez até por isso a vergonha seja tão grande, tão sombria, tão infelizmente inesquecível. Ver Rubinho não ganhar e - pior - ouvir aquele marcante "hoje não, hoje não! Hoje sim... hoje sim..." fez chorar.

  Ver, sentir bem pagos jogadores com medo dos asiáticos foi de doer... de chorar... Percebê-los sem brio, sem gana, não fez sentido algum.

  Perdão aos que discordam, aos que tentam esquecer, aos que tem por função fazer esquecer. Boas histórias nem sempre têm finais felizes. nem sempre terminam felizes para sempre.

Um comentário:

  1. Concordo plenamente!
    Assim fica difícil! O Brasileiro tem que parar de ser boba e mostrar ao mundo que tem peito pra encarar! Nada de submissão! Se comparavam-se ao país propriamente dito, é hora de mudar, pois estamos rumo ao 1º mundo!

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