quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Entrevista: Fabio Braz

Foto: brasiliensefc.com.br
Fabio Braz se define como guerreiro. Hoje, com 32 anos, o experiente zagueiro acaba de disputar a Série C 2012 pelo Brasiliense-DF. Abaixo você confere uma entrevista exclusiva onde ele fala sobre o período difícil longe dos gramados por conta de lesões e relembra a passagem pelo Vasco.

O Agonizante: Quem é o jogador Fabio Braz?

Fabio Braz: O Fabio Braz é um profissional muito sério e responsável. Tambem é um jogador muito viril e que por onde passou deixou as portas abertas. É um profissional guerreiro.
  
OA: Como é o Fabio Braz fora dos gramados?

FB: Totalmente o oposto do jogador. Um cara muito tranquilo, muito sereno, pacífico. Um cara amigo pra caramba, muito positivo, sempre alto astral, sempre sorrindo e sempre pronto pra ajudar os outros.

OA: Essa foi a sua terceira passagem pelo clube. Alguma mudança desde a primeira?

FB: O profissionalismo, a seriedade que encaram o trabalho e o respeito continua o mesmo. Por isso optei por voltar, porque aqui sou sempre muito respeitado. Sempre cumpriram com as obrigações e os combinados. Não tenho nada a reclamar.

OA: O nível da Série C é muito diferente da Série A?

FB: Isso é totalmente diferente. O nível dos times, dos campos, dos estádios.

OA: E a estrutura do Brasiliense?

FB: O clube tem uma boa estrutura, tanto que já disputou a Série A. O centro de treinamento, dificilmente você encontra clubes da Primeira Divisão que tenham. Independente de onde está, o Brasiliense não deixou de querer crescer. A estrutra não fica devendo nada aos outros clubes.

OA: Como foi a sua adaptação à cidade na primeira passagem?


FB: Foi um pouco difícil. Eu estava no Rio de Janeiro, e é muito diferente de Brasília, até pela questão do clima, que aqui é muito seco, muito árido. No começo tive um pouco de dificuldade mas eu sempre me adaptei rápido. Sempre me dei bem porque eu sou um cara que foco muito no meu trabalho. Eu vim para trabalhar, então eu vou trabalhar independente de como seja a cidade ou as dificuldades que apareçam.

OA: Você falou sobre o Rio de Janeiro. Como foi a sua passagem pelo Vasco?

FB: Para mim foi uma das melhores coisas que já aconteceu. Eu cheguei e não era muito conhecido. Aos poucos fui ganhando a confiança. Primeiro da comissão técnica, da diretoria, depois dos jogadores e consequentemente do torcedor. Claro que a gente não agrada todos, mas ninguém fica em um clube durante dois anos e meio de titular por acaso. Agradeço muito ao pessoal do Vasco, principalmente ao Romário que me deu maior força.

OA: Desde o início da carreira, quais foram as principais mudanças no Fabio Braz?

FB: A personalidade não mudou muito, isso é uma coisa com que a gente nasce. Aprendi a valorizar mais o que a gente tem, o dia de hoje. Dar valor à saúde, à vida e agradecer sempre. A gente não é ninguém sem um amigo, sem uma ajuda. Antigamente eu era muito mais individualista. Eu era muito orgulhoso também, gostava de não depender de ninguém. Hoje em dia eu vejo que não é assim, principalemte no meio em que eu vivo.

OA: Falando em amigo, tem algum que você destacaria?

FB: O próprio Romário. Desde que eu cheguei ao Vasco ele sempre me deu moral, sempre me ajudou com vários conselhos, tanto dentro quanto fora de campo. Eu era um dos poucos amigos que ele tinha no clube e provavelmente no futebol também. Então eu agradeço a ele até hoje. Nossa amizade continua cada vez mais forte. A gente está sempre junto, até porque ele está em Brasília né?

OA: Um jogo ou algum gol que você sempre vai se lembrar?

FB: Jogo é complicado porque são muitos né? (risos) Tiveram alguns gols bonitos, mas eu fico com o meu primeiro gol pelo Vasco. Foi o meu primeiro jogo em São Januário e vencemos o Brasiliense por 1 x 0.

OA: Algum jogo para esquecer?

FB: A final da Copa do Brasil entre Vasco x Flamengo.

OA: Hoje, qual o objetivo profissional do Fabio Braz?

FB: Eu tive uma série de lesões, fiquei um tempo parado. Estou voltando a jogar agora, meu objetivo é mostrar que ainda estou bem, em condições de estar em um grande clube e voltar para a Série A.

OA: Após as passagens por Vasco e Corinthians, você chegou a receber sondagens de outros clubes da Primeira Divisão?

FB: Quando eu saí do Vasco eu estava sem empresário, tive algumas sondagens. A gente sabe que se não tiver uma ajuda fica complicado conseguir entrar em um clube grande.

Obs: Entrevista realizada sexta feira (14/09/2012) por telefone para um trabalho acadêmico.

sábado, 24 de novembro de 2012

O pronto, o favorito e a questão

  Quando contratou Mano Menezes, o então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, deixou claro que o planejamento era de longo prazo. Isto significa que resultados imediatistas não seriam determinantes para a troca do comando técnico, visando a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, ambas no Brasil. Ao manter o treinador depois dos fracassos na Copa América e nas Olimpíadas, o sucessor de Teixeira, José Maria Marín, assinava embaixo e se contradiz, agora, demitindo o técnico.

  O próximo treinador da seleção herdará um legado curioso, pois muito foi questionada a demora de Mano para encontrar o acerto ideal ao esquete canarinho. Mérito de Mano ou não, tais acertos vinham acontecendo. O grupo está praticamente definido para a Copa das Confederações. Desafio: liste quatro jogadores que deveriam ser titulares na sua seleção e não vêm sendo convocados. A questão tática é outra história, mas se o plano era o futuro, a safra de atletas é essa aí. Acredite, a seleção está quase pronta.

  Mas pronta não quer dizer favorita. Simples assim: o Brasil não tem material humano para ser considerado favorito na Copa do Mundo. Está atrás, pelo menos, de Alemanha e Espanha. Quero dizer que, comparando nomes e capacidade de evolução tática, não vejo capacidade de, num confronto direto, vencermos os adversários que citei. Tomara que eu esteja enganado, mas por melhor que possa ser o trabalho do próximo técnico, fazer os rapazes jogarem mais do que jogam em seus clubes... quero ver!

  Então chegou o 23 de Novembro de 2012. Andrés Sánchez afirma que a demissão de Mano Menezes reflete o desejo do presidente de ver "novos métodos" na seleção. Partindo desta crença, Muricy Ramalho é o maior vencedor atualmente. Porém, Felipão é o mais apropriado e já é o favorito, por já conhecer como funciona a CBF. Por outro lado, ainda durante a noite desta sexta-feira, o editor e fundador do Lance!, Walter de Mattos Junior, escreveu o que começaria a pipocar na internet e seria capa do diário esportivo de hoje: a seleção brasileira é a única equipe do mundo que Josep Guardiola aceitaria treinar prontamente, segundo palavras do próprio. O que parecia utopia torna-se então extremamente viável.

  Me reservo no direito de pensar que Guardiola na seleção brasileira não seria uma revolução, visto que o mesmo já declarou ter inspirado seu trabalho no antigo jogo brasileiro. Escolher Pep seria dar uma oportunidade imensa para o resgate do tal futebol-arte, se é que isso é possível. Contratar Felipão seria voltar dez anos no tempo, e até mais tempo na ideologia, e fechar os olhos para os avanços que o futebol tem visto. Mas são dois personagens imensamente vitoriosos. Currículos sensacionais. Outro nome diferente seria do mesmo nível de Mano. Zebra.

  Quem assinar como técnico a partir de janeiro, poderá reformular tudo ou continuar o trabalho de Mano Menezes. Mas não terá escolha quanto a, em pouco tempo, tornar um grupo quase pronto em uma equipe pronta. E fazê-la favorita. A manutenção era a melhor opção.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Os poderes de quem volta

Que Ricardo volte com saúde. E que nos mate a curiosidade.
Fonte: www.correiodeuberlandia.com.br
O único comentário que faço sobre a convocação é que antigamente os torcedores vibravam quando um jogador do seu time era convocado. Hoje riem das bizarrices.

A grande notícia é a volta de Ricardo Gomes aos trabalhos. O treinador, que sofreu um AVC há cerca de um ano e esteve muito perto da morte, se recuperou e vai ocupar um cargo de manager no Vasco. Falando da saúde de Ricardo, somente ele e seu médico podem dizer se o ex-zagueiro tem mesmo condições de trabalhar no tão pressionado mundo da bola - lembro que Ricardo já havia sofrido um acidente vascular cerebral (leve) quando treinava o São Paulo.

Sobre a parte técnica do fato, a palavrinha em itálico no parágrafo acima pode ter passado despercebida por você, mas representa um marco, e pode iniciar uma revolução na estrutura futebolística nacional.

Manager. Com este cargo, Ricardo Gomes terá poderes para agir tanto na gestão do futebol - similar à função de Rodrigo Caetano no Fluminense - quanto nos jogos. Atenção, os treinamentos caberão a Gaúcho. Ricardo terá essas funções obrigatórias somente duas vezes por semana. É Alex Ferguson sendo modelo.

Luxemburgo até que tenta, mas, até hoje, o mais
próximo que o Brasil de manager foi o FM, o jogo...
Fonte: softgames.ws
Quando digo que isso é um marco, reforço que "nunca antes na história deste país" esse projeto foi levado de maneira tão efetiva, como parece ser o caso. Quando me pergunto sobre a eficácia de tal método, prevejo a insatisfação da torcida dobrando pela "falta da presença de Gomes nos treinamentos". Os próprios jogadores também podem se incomodar: no São Paulo, o próprio Ricardo e o atual técnico Ney Franco já sofreram com essa mudança de hábitos. Luxemburgo sempre tenta se colocar como manager, mas não emplaca...

E tem outras questões...


A primeira é a - bate na madeira - possibilidade de Ricardo Gomes ter um novo AVC, ficando provada sua impossibilidade de voltar a trabalhar no meio.


Outra é a situação atual do Vasco. O clube não tem dinheiro para nada. NADA. E não há boas perspectivas para breve. Até que ponto a presença de uma nova filosofia de trabalho - e até de mais um salário - onde não se tem dinheiro pode ser positiva ou negativa? Se a cúpula de futebol conseguir fazer o time andar, teremos um avanço, se não, a palavra manager será abolida de vez dos sonhos de quem quer organizar o nosso futebol e acha que essa é uma das maneiras.

Por fim, fica a pergunta: será que é mesmo melhor ter um manager pelas bandas de cá?

Até que ponto Sir Alex Ferguson e seu chiclete devem
 ser parâmetro para o Brasil?
Fonte? newspaper.li

sábado, 3 de novembro de 2012

No lugar errado


  Me recuso a crer que um treinador que consegue desempenhar boas campanhas por anos consecutivos seja ruim. Por isso me reservo no direito de pensar que Celso Roth é bom. E melhor ainda seria se não houvesse nascido no Brasil. Imagine só.

  Roth surgiu como a maioria dos técnicos surgem: depois de se destacar por um time pequeno - em seu caso, pelo Caxias-RS - ganhou oportunidade em um grande clube. Foi no Internacional que ele apareceu para o Brasil todo. E depois de então foi seguindo por vários clubes grandes do país, como Vitória, Palmeiras, Grêmio, Flamengo, Vasco, Botafogo, Goiás, Atlético-MG e Cruzeiro e Sport. Não necessariamente nessa ordem...

  Completando a pequena biografia, Celso Roth assinou como técnico os títulos de campeão gaúcho de 1997, pelo Inter, e 1999, pelo Grêmio. Copa Daltro Menezes, pelo Caxias, em 1996; Copa do Nordeste, em 2000, pelo Sport. Em 2010, herdou o Inter na semi-final da Libertadores e levou a Taça. No Mundial, tinha um Mazembe no meio do caminho...


  Por onde passa, Roth normalmente deixa o time mais organizado do que quando encontrou. Mesmo que a solução para tal desorganização seja se defender primeiro, para não perder, e depois atacar. A retranca. Pois é. Por isso mesmo, Roth deixou também o histórico - não apenas o rótulo - de retranqueiro por onde passou. E junto dessas marcas vieram as de antipático, mal-educado e extremamente disciplinador.

  E assim Roth vai perambulando de estado em estado. Ganhando em três dígitos, organizando equipes... e sem a paciência dos torcedores. Torcedores que só viram desempenho de Roth menor que 50% no Flamengo e no Botafogo.

  O que costuma acontecer é que Celso Roth assume um time bagunçado, arma a retranca, o time melhora, e em alguns casos sonha alto - casos do Vasco em 2007, do Grêmio em 2008, e, principalmente, do Atlético-MG em 2009, quando o Galo passou de aspirante ao título a fora do G-4 depois de cinco derrotas na reta final do campeonato.

  Perder a mão


  Essa fama que acompanha o treinador tem argumentos. E é nela que baseio minha tese. E SE Roth fosse europeu? Voltando à quantidade de títulos, há técnicos de Série A que não tem as conquistas nem em número, nem em tamanho. Impaciência do Roth à parte, é preciso respeitá-lo.

  Se Roth estivesse na Europa, as turbulências seriam mais respeitadas, aguardadas, e o outrora bigodudo treinador teria mais chances de desenvolver um trabalho longo. Não sofreria os desrespeitos que cansa de sofrer por parte, principalmente dos dirigentes, que especulam sua saída com meses de contrato ainda a serem cumpridos e sondam outros treinadores. Depois de pegar um Cruzeiro desfigurado e colocar em uma posição respeitável, já se falou até em San Paoli, da Universidad de Chile e em Marcelo Oliveira, do Vasco.

  Calma consigo, Roth. E calma com os outros...