quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Deixe que digam, que pensem, que falem...


  Passada a conturbada era Luxemburgo no Flamengo e futuro já definido, a torcida rubro-negra encontra-se dividida. Há aqueles que são a favor da saída do ex-comandante, outros contra e há ainda aqueles que são contra ou a favor da chegada de Joel Santana, novo treinador do time da Gávea. É, a situação não está nada confortável para Patrícia Amorim e sua cúpula, mas ao longo de todo o ocorrido estive pensando em até que ponto um jogador é determinante para a queda de um técnico - o encarregado de dar as ordens e manter a moral perante ao grupo. Ronaldinho é apontado como o principal pivô para a perda de comando de Vanderlei.



  Ronaldinho é craque e isso não se discute. Entretanto, é notório que ele jamais foi no Flamengo o Ronaldinho que todos esperavam e viram no passado. Ganhando e vivendo de passado, continua com seu lugar permanente no time titular. O clube paga uma fortuna (quando paga) e monta o elenco em função do jogador, os patrocinadores se aproximam com o interesse de divulgar a sua marca por conta da presença do astro e a torcida aumenta o número de vendas de camisas. Aí surge a dúvida: Qual treinador terá ''peito'' para sacá-lo, quando não estiver rendendo, e colocá-lo no banco, sendo que na reserva só há garotos,e nenhum deles com tamanho potencial, e jogadores medianos? Fazer isso, no mínimo, atrairá toda a atenção para fora das quatro linhas e repercurtirá de acordo com os resultados. Quem quer correr o risco? No Barcelona e no Milan a história foi diferente porque em ambos os casos, o rendimento da equipe não foi alterado e o clube estava preparado para suprir suas carências com peças de reposição à altura. Com Papai Joel à frente as coisas tendem a mudar, pelo menos é o que se espera.


  Pegando o exemplo e não focando única e exclusivamente em um determinado caso, não é de hoje que jogadores ''mandam'' nos clubes que jogam. Atrasos, sumiços, desobediências, são muitos os exemplos de indisciplina, porém o grande perigo está na maneira como imprensa, público e clube tratam a situação. Ou você já não acha natural ver o nome de Adriano, o Imperador, veiculado com mais frequência às páginas policiais ou de fofoca do que as de futebol? Adriano tinha o talento que o Brasil precisava para que ele fosse o cara na Copa da África e a cabeça para ficar aqui vendo tudo pela televisão, seja na sua casa, na favela ao lado de seus ''amigos'' ou em algum lugar onde não devesse justificativa a ninguém. Prevaleceu a responsabilidade de Dunga e Adriano ficou. No Corinthians tem os dias contados, e há quem especule uma possível volta ao Flamengo.

  Outro exemplo sempre lembrado é Jóbson. Jovem, 23 anos, deslumbrado com as tentações que o mundo do futebol e o Rio de Janeiro oferecem, se perdeu e agora em 2012 tenta retomar o caminho que encantou a torcida alvinegra. Apontado como grande promessa e contratado por um alto custo, o jogador foi protegido com extremo cuidado pela diretoria alvinegra do interesse de outras equipes. Com a intenção de lapidá-lo ao máximo e arrecadar lucros com uma possível venda para o exterior o alvinegro ficou a mercê de Jóbson. Cada besteira feita era uma dor de cabeça para os dirigentes, pois deveriam encontrar uma solução que contorna-se toda a turbulência causada por um rapaz sem a cabeça preparada para tamanha responsabilidade. Chances foram dadas, foi pra lá e pra cá e voltou, erros perdoados, punições aliviadas, e de volta ao Botafogo demonstra ser um Jóbson mais comprometido e correto. Mais uma vez o clube de General Severiano lhe dá uma oportunidade, talvez a derradeira.

  Em 2010, no futebol brasileiro, foi um dos assuntos mais comentados. Todo mundo tinha a sua opinião para o que acontecia no Santos de Dorival. Ou melhor, no Santos dos Meninos da Vila. Dois casos ficaram marcados naquele campanha em que as grandes jóias do futebol tupiniquim explodiram.


  Início de maio, Campeonato Paulista, final, jogo emocionante entre Santos e Santo André; Dorival, tentando segurar o placar favorável resolve coloca mais um jogador de marcação e tirar Ganso, único meia de criação em campo ainda, após a grande quantidade de expulsões. Ganso se recusa a sair do gramado e comanda o Santos. O Peixe é campeão e o jogador aclamado como herói. Passada a euforia, alguns jornais e programas esportivos criticaram a atitude do jovem jogador e apoiaram o comandante, apesar de questionarem o seu comando. Contudo, no meio do Campeonato Brasileiro, Dorival novamente se envolve em um acontecimento onde a sua autoridade é posta em questão (e o caso anterior é relembrado), o que acaba gerando um desgaste e a saída do comandante. Durante uma partida diante o Atlético-GO, Neymar - estrela da companhia - discutiu agressivamente de dentro de campo com o técnico. A atitude foi criticada até pelos rivais.

  É ótimo que a competição nacional mais importante esteja recheada de grandes jogadores distribuídos em diversos clubes. O que não há de se conformar é com a maneira que os grandes ídolos, aqueles que são bem pagos para resolver uma partida, vender produtos e darem um bom exemplo para torcedores mirins, continuem com atos onde não é visto empenho e comprometimento. O clube se organiza para receber o atleta, o torcedor compra o ingresso e a camisa para o fim de semana,a preparação é feita para que o espetáculo seja bom para todos, mas parece que tem um lado nessa história que tem outras preocupações. O desleixo é comum, é um vício do jogador brasileiro, mas só não é visto quando está na Europa. Talvez o desleixo não seja em maior parte de quem chuta a redonda, mas sim de quem o põe lá para fazer isto-ou fingir que faz.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Contratando e indagando

  Com o fechamento da janela de transferências europeia nesta terça-feira e - muito mais - com o vai-e-vem dos clubes brasileiros chegando ao fim para o início dos estaduais, as Agonizantes férias de Janeiro haveriam de cessar.

  Certas coisas não tem explicação. Se tem, são obscuras, misteriosas. Quando uma temporada chega ao fim, torcedores, comissões técnicas, jornalistas e dirigentes têm dados às mãos quando bem quiserem: classificações nos campeonatos, estatísticas, vaias e tudo mais.  O que torna mais evidente as necessidades de cada equipe e tornam mais agoniantes as falhas nas montagens do elenco.

  Como diria um amigo nosso, "vamos por partes"...

  Por que diabos o Botafogo começa a temporada com apenas um lateral de ofício em cada posição? Serão os recém-promovidos da base novos Carlos Alberto e Nílton Santos ou a ausência de Alessandro é o maior reforço do alvinegro?

  Qual a razão prática de o Sport Club Corinthians Paulista ter 8 atacantes de nível de série A no grupo? Haja rodízio! Haja calendário apertado para que Elton(!) e Bill(?) tenham oportunidades fartas ao longo da temporada. Confesso que quando vi a contração de um chinês e do Gilsinho, imaginei que um esquema próximo ao 4-2-4 fosse ser ser implementado no Parque São Jorge. Ledo engano. Terei que esperar para entender.


  Cruzeiro, Cruzeiro querido. Manutenção de Vágner Mancini. OK, explicável. Leandro Guerreiro como pilar da defesa. Ataque com jogadores de muito nome e pouco sucesso. Contratação de jogadores que se destacaram em clubes menores. Depois de um 2011 tenebroso, ou a herança dos Perrella fez estrago no balanço financeiro ou, por opção, as expectativas não poderão ser de voos tão altos neste ano.

  Muito chama atenção o Internacional. Depois de tantos anos de times muito valorizados, algo muito importante foi concretizado neste ano: dois jogadores de mesmo nível para cada posição. Onde não há craques, há equilíbrio. O rival Grêmio também evoluiu: desta vez se reforçou muito bem, menos no banco. Um líder como Caio Júnior, no Gaúchão. Sei não...  

  O tricolor carioca tem o melhor elenco do país, isto é fato. Já o paulista merece cuidados: contratou Osvaldo, atacante habilidoso, mas que faz poucos gols e já não é mais promessa; Maicon, meia que não deu certo em outras grandes equipes; Edson Silva, beque muito bom pelo alto, mas só pelo alto e o ala Cortez, que não marca ninguém. Pode dar muito certo, mas também pode decepcionar muitos.

  Mas nada supera o Flamengo. Clube em que a crise chega sem jogos realizados, com salários em dia para quase todos os jogadores, técnico balança - ou cai - com dois jogos, Ronaldinho é armador único e a presidente parece fazer do departamento de futebol plataforma de governo: sem dinheiro, ao perder o melhor do time, traz outro querido pela torcida. Nada mal...