domingo, 20 de março de 2011

A Bruxa está solta


O Fluminense sentiu a crise na pele. Por mais que Émerson, ao abandonar o gramado do Engenhão, tenha dito que fatores extra-campo não comprometem o elenco, eles o fazem, e muito. O torcedor tricolor que pagou o ingresso ontem para assistir a vexatória apresentação de sua equipe, tem todo o direito de reclamar - o que se viu foi um time apático tomar uma aula de contra-ataque do inexpressivo, mas bem montado, Boavista.
A saída, até agora sem eira nem beira, de Muricy Ramalho do comando da equipe (pelo menos para esse que vos escreve, sem motivo aparente) parece ter de fato abatido um time que já não apresentava um futebol condizente com aquele que o premiou com nada menos que o título nacional do ano anterior. Há de se dizer que o time de guerreiros morreu, afinal, garra, vontade e superação são atributos que o tricolor não apresenta desde o começo da atual temporada. Apenas jogos mornos, com vitórias por placar mínimo e empates sem sal, além de derrotas infantis na "hora do vamos ver".

Analisemos o jogo de ontem: Ronaldo Torres, preparador físico e treinador interino, manteve a coerência e escalou a equipe que vinha jogando regularmente. Perdeu logo aos 20 minutos da primeira etapa Leandro Euzébio e o sonolento Carlinhos - que se fosse um pouco mais dedicado, passaria a ser o lateral de maior destaque no país. A entrada de Digão fortaleceu a zaga, provando que a cria de Xerém merece a titularidade, mas com Julio César em campo, o lado esquerdo do Flu passou a ser nulo. Quando o empate já estava encaminhado ao fim do primeiro tempo, o zagueiro do Boavista acertou chute improvável, impossível, impecável em cobrança de falta e seu petardo veio a morrer no ângulo esquerdo do melhor jogador tricolor da temporada, Ricardo Berna.
O Flu veio pra cima, Fred no lugar do He-Man, mas tropeçava em sua própria falta de criação. Conca tendo que jogar sozinho no meio (Marquinho como armador é um ótimo velocista), Mariano muito longe daquele melhor lateral do Brasil no ano passado. O Verdão de Saquarema, percebendo a carência tricolor, enxergou a possibilidade de aniquilar o jogo e desperdiçou um, dois, três, quatro contra-ataques. O jovem Erick Flores dava baile em um irreconhecível Diguinho, Diogo tentava, sozinho, mas com muita entrega, parar o carnaval na metade de campo tricolor.
Até que no final da partida, Erick em mais uma jogada de velocidade e visão, deixou o companheiro livre - e em condição legal -, para sacramentar o resultado e soltar de vez a bruxa nas Laranjeiras.

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