quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Só tinha de ser você

        Leia ouvindo uma música dos vídeos postados para entender o que escrevo.

        De pouco ainda conheço sobre essa mulher, mas é como se já fossemos íntimos. Dona de uma voz singular e uma interpretação incomum, essa é Elis. Desconheço alguma artista brasileira que obtivera tanto respeito quanto ela. Sem efeitos na voz, canta como nasceu: bela e impávida. Ecoa por natureza, é pura. Personalidade e presença de palco histriônicas. 


        Digna de ser chamada de rainha. Transmite a verdade. É natural. Deus emprestara uma das mais belas vozes de seus anjos a essa gaúcha. O espetáculo em carne e curvas. Passeava de forma brilhante entre o samba, a MPB, a bossa nova, o rock e o jazz. Voz das mais belas canções nacionais dos maiores artistas que por aqui passaram. A musa inspiradora de Milton Nascimento morreu precocemente aos 36 anos e não deu à minha geração a oportunidade de escutar sua voz ao vivo.


       Escrevo como puro fã, não há outro modo. Quando começas a ouvi-la, não há como não admirá-la. Sem saudosismo, mas me desculpe Maria Gadú e Ivete Sangalo, cantoras que cantam com a boca. Elis Regina canta com a alma.


"Cantar, para mim, é sacerdócio. O resto é o resto." – da maior intérprete brasileira de todos os tempos, Elis Regina.

sábado, 13 de outubro de 2012

Entrevista: China

Foto: Arquivo Pessoal
O jovem China faz jus ao recente sucesso da base do América/MG. Revelação da equipe, com 20 anos, já conquistou o título do Campeonato Brasileiro sub-20, em 2011, sendo um dos destaques do time. Além disso, ajudou na campanha da Copa São Paulo de Futebol Júnior do mesmo ano, competição que o Coelho não ficava entre os semi-finalistas há 16 anos. Abaixo você confere a entrevista concedida pelo jogador ao O Agonizante.


 O Agonizante: Qual o seu estilo de jogo? Como é o China dentro de campo?


China: Jogo no meio de campo como um segundo volante. Minhas características principais são marcação, saída de jogo, velocidade, passe e finalização. Quase um Zidane (risos).


OA: Qual a sua rotina fora do campo como jogador?


China: Acordo cedo e às vezes temos treino 9 horas da manhã. Volto para casa, almoço, descanso um pouco, por que às 16h tem outro treino. 

OA: E o que costuma fazer nas horas vagas?


China: Não costumo frequentar boates, não gosto do ambiente. Prefiro clube e cachoeira, por exemplo. Vou à igreja durante a semana e sábados e domingos, mas gosto principalmente de ficar em casa.
  
OA: Como foi o início no futebol?

China: Jogava no time da minha periferia e um amigo me perguntou se eu gostaria de ser jogador. Eu não gostava muito de futebol. É até engraçado porque eu tinha uns problemas de saúde e teria que fazer exercícios. Aí juntou o útil ao agradável. Confesso que mais pela saúde (risos). Os anos foram passando e eu melhorei. Quando eu vi, estava com 16 anos assinando meu primeiro contrato profissional.


OA: Essa foi a maior dificuldade que enfrentou no futebol?


China: Não, era uma coisa bem simples, problema de colesterol. Minha maior dificuldade foi conciliar os treinos e viagens com os estudos. É muito difícil também ficar longe da família, ainda mais quando se é bem novo.


OA: Qual a importância da sua família na sua carreira?


China: Sou muito grato à minha família, principalmente ao meu irmão, que jogava na base do América também. Ele sempre esteve comigo nos piores momentos. Estou aonde estou e sou o que sou hoje por causa deles.

Foto: Arquivo Pessoal
OA: Como surgiu o apelido?

China: Eu devia ter uns 10 anos e tinha um cabelo grande na época. Aí o meu treinador começou a me chamar assim.

OA: O América/MG já esteve entre os primeiros e era forte candidato até mesmo ao título. Hoje, não está nem no G4. O que aconteceu?

China: Essa é a pergunta que não quer calar. Começamos bem e agora essa queda inesperada. Não sei o que aconteceu.

OA: Como está o grupo?

China: Bem, todos querem mudar a situação, mas sabemos da dificuldade que é a série B. Todos os times se prepararam bastante, assim como nós.

OA: E a torcida? O clima está tranquilo?


China: Não, está bem pesado. A torcida cobra as vitórias, principalmente no Independência. E eles estão certos, mas todos os jogadores, comissão técnica e diretoria acreditam no acesso.

OA: O América/MG possui vários jogadores experientes e consagrados no elenco. Como é a sua relação com eles?

China: É a melhor possível. O Geovane, Fabio Júnior e Gilberto passam muitas coisas para nós. Isso é muito importante. É uma satisfação jogar ao lado de grandes ídolos  

OA: Você falou no início do Zidane. Ele é o seu ídolo?

China: É um deles, mas gosto muito do Gilberto Silva, Iniesta e Xavi.

OA: Qual o seu objetivo profissional hoje?

China: Me firmar como titular do América.

OA: E o que falta para isso acontecer?

China: Oportunidade, não só para mim, mas para os outros mais jovens.

OA: Você foi capitão da equipe no Brasileiro sub20. Como foi a experiência?

China: É um voto de confiança do treinador que escolhe quem exerce a liderança no grupo. Agradeço ao Milagres (técnico) pela oportunidade. Fui capitão naquele momento porque estava há um ano no profissional. Foi uma responsabilidade, mas graças a Deus fui honrado e pude ajudar todos e saímos campeões.

OA: Na Copa São Paulo de Futebol Júnior, você marcou um bonito gol contra o Internacional. Foi o mais bonito da sua carreira?  (Veja o gol a partir dos 0:40)

China: Na base foi o mais bonito sim, mas não foi o mais importante.

OA: Qual a principal diferença da base para o profissional?

China: A proporção que as coisas tomam. No profissional temos uma visibilidade maior.

OA: Algum recado para o torcedor?

China: Estamos fazendo de tudo para mudar essa situação e recolocar o clube na série A, lugar de onde não deveria ter saído. Quero agradecer pelo carinho que eles tem por mim e por todos, e dizer que assim como eles, nós acreditamos no acesso.
      

sábado, 6 de outubro de 2012

Entrevista: Gustavo

Foto: Renato Cordeiro/ Lance
O zagueiro Gustavo, da Portuguesa, já passou por grandes clubes do futebol brasileiro. No Palmeiras, viveu seu melhor momento, porém no Cruzeiro, conviveu com o período mais difícil da carreira após um grave lesão. Também foi destaque no Paraná Clube, de 2006, ano em que a equipe conquistou uma vaga para a Libertadores da América. Abaixo, você confere a entrevista que o experiente defensor de 30 anos, deu para O Agonizante.

O Agonizante: Quem é o Gustavo, como você o define?

Gustavo: Comecei a jogar bola desde os sete anos atrás de um sonho. Hoje sou um profissional realizado. Passei por grandes clubes e tudo aquilo que eu tive como objetivo eu conquistei. Sou uma pessoa bastante humilde e dedicada naquilo que eu faço. Penso em jogar muito tempo ainda porque o futebol me motiva e me deu o prazer de realizar o meu sonho que era ser um atleta profissional.

OA:  E como é a sua rotina fora dos campos?

Gustavo: Sou um cara bem caseiro, adoro ficar com meus filhos e minha esposa. Quando estou de folga gosto de fazer um churrasco, poder reunir meus pais, meus irmãos, que são a base de tudo. Sou muito feliz por ter uma família maravilhosa. Vou para o shopping passear, mas o que eu gosto mesmo é de ficar em casa e ver um filme.

OA: Voce começou no Guarani e depois jogou na Ponte Preta. Como foi a sua chegada na Ponte, já que os dois são arquirrivais?

Gustavo: Eu passei oito anos no Guarani. Então no começo foi bastante complicado, não vou mentir. A rivalidade em Campinas é grande. Já joguei em outros clubes, lógico que existe rivalidade, mas não na mesma proporção. Foi difícil porque era muita cobrança, mas com trabalho e dedicação as coisas melhoraram. Me lembro como se fosse hoje, em 2004 fazia 15 anos que a Ponte não ganhava do Guarani no Majestoso (Estádio Moises Lucarelli, casa da Ponte Preta). Para mim aquele jogo era de vida ou morte, porque se perdêssemos, a cobrança em cima de mim ia ser muito grande. Graças a deus ganhamos de 3x1 e quebramos o tabu. Mesmo não atuando lá atualmente, tenho respeito muito grande, até porque sou campineiro. Hoje sou reconhecido por ter feito o meu dever nos dois clubes e isso é muito bom.

OA: Considera esse jogo o mais marcante da sua carreira ou destacaria outro?

Gustavo: Foi marcante pelo momento, mas tem também o primeiro jogo como profissional em 2001. O primeiro jogo você nunca esquece e foi contra o Corinthians. Eu marquei o Luizão, que era o meu ídolo. E também teve em 2008 o jogo em que fui campeão paulista pelo Palmeiras em cima da Ponte Preta. Foram esses três momentos que marcaram minha carreira.
 
OA: E teve algum gol que te marcou?

Gustavo: Não sou um atleta de marcar muitos gols, né? Mas um gol bacana, foi o meu primeiro como profissional pelo Guarani, contra o Bangu, em 2002. Teve também um contra o Flamengo em 2007, no jogo em que a gente ganhou de 2x1 (veja o vídeo abaixo). Para mim esse foi o mais marcante mesmo.

OA: Como foi a sua passagem pelo futebol europeu? (Gustavo atuou pelo Levski Sofia-BUL, Dínamo de Moscou-RUS e Lecce-ITA)

Gustavo: Foi positiva. A passagem agora pela Itália foi altamente positiva. Eu tive uma sequência de jogos e enfrentei grandes jogadores. Mas como eu fui lá pra fora muito cedo, era jovem e imaturo. Então tudo era novo, tudo era bonito. E aí depois você acaba sofrendo com o frio e com a distância. Mas na Itália foi muito legal, pude jogar contra o Ibra no Milan e o Eto´o na Internazionale. Foram muitos momentos bons. Aprendi a falar italiano, a cultura eu gosto porque sou descendente também e isso ajudou bastante. Cresci como profissional, como homem. Isso me fez amadurecer.

OA: Você teve grande destaque no Paraná e depois no Palmeiras. Esse foi o melhor momento da sua carreira?

Gustavo: No Paraná foi um ano inesquecível. O clube vinha de 12 anos sem conquistar um título estadual e nós fomos campeões, inclusive com a defesa menos vazada. E aí, nós conseguimos um fato histórico que foi levar o Paraná à Libertadores. E o Palmeiras também foi um lugar que me fez crescer. Até hoje sou reconhecido pelo torcedor. Aonde eu vou o palmeirense cobra a minha volta, porque nos 82 jogos fui campeão paulista, após o clube ficar oito anos sem ganhar um titulo. Então foi sim meu melhor momento.

OA: No Palmeiras, teve uma época que você ficou no banco e a torcida protestou muito pela sua volta ao time titular. Guarda alguma mágoa desse período?

Gustavo:  Eu vinha com uma dor no joelho e acabei ficando de fora da equipe por um mês. Quando me recuperei, achei que voltaria a ser titular porque a defesa do time não vinha bem.Nós tínhamos perdido o Henrique para o Barcelona e eu e ele estávamos bem entrosados. Com isso, o torcedor cobrou a minha volta. Eu como profissional queria jogar. Mas o legal foi que quando eu voltei, contra a Portuguesa, nós ganhamos de 4x2 e eu fiz um gol. Desde esse jogo fui titular até o final do ano. Não guardei mágoa, isso só me fortaleceu para voltar bem. 

OA: Depois do Palmeiras você foi para o Cruzeiro, e após três meses se machucou e ficou um tempo parado. Como fica o psicológico do jogador?
  
Gustavo: Eu nunca fui de ter lesão grave, muscular, nem nada. Sempre me cuidei. Você tem que ser atleta, ter um repouso, uma boa alimentação, ser diferente das outras pessoas. E eu vinha de um momento bom, tinha sido campeão mineiro e o Cruzeiro vinha bem na Libertadores. E justamente em um jogo contra o Palmeiras acabou acontecendo. Eu tinha todas chances de ajudar o clube, mas acabei ficando de fora. O lado emocional é bem difícil, porque você acaba não podendo fazer aquilo que você gosta, ainda mais em um momento tão importante para a minha carreira e para o Cruzeiro. Mas, eu pude ter uma recuperação rápida. Graças à Deus não tive mais nenhum problema no joelho. Foi triste, mas me levantei com o apoio da minha família.

OA:Voc lembrou do Henrique. Além dele, o Juninho também se destacou no Coritiba, você no Paraná e atualmente o Manoel tem um certo destaque no Atlético/PR. Você acha que a escola do futebol paranaense é voltada mais para o setor defensivo?

Gustavo:  A escola do Sul é muito boa nisso. Mas acredito que é uma coincidência, por que tanto no futebol paulista quanto no carioca por exemplo, tem bons zagueiros. 

OA: Falando sobre  o Rio, como avalia a sua passagem por Botafogo e Vasco? Conseguiu render tudo o que esperava?

Gustavo: Não rendi porque quando cheguei no Vasco tive um problema na FIFA e fiquei quatro meses longe do futebol. Aí acabei indo para a Itália. No Botafogo vinha bem, até tinha feito gol contra o Palmeiras (veja o vídeo abaixo no minuto 2:57), mas não tive a sequência que gostaria. Acabou o ano e optei por sair, mas vejo que minha passagem poderia ter sido melhor. Futebol é assim, às vezes você não vai bem em um lugar e em outro se destaca, mas não pode perder a convicção do seu trabalho, nem a dedicação. Poderia ter feito mais. Acho o futebol do Rio charmoso, uma escola diferente, muito boa para se jogar. 

OA: E como está sendo agora na Portuguesa?

Gustavo: Estou bem. Ganhamos na quinta do Sport, nosso adversário direto. Quase fiz um gol, mas fico feliz com o resultado. Estou vivendo um momento muito bom. Das 28 partidas, joguei 25 como titular e as coisas vêm acontecendo. Muitos acreditavam que éramos candidatos ao rebaixamento por causa do paulista, onde caímos. Estamos fazendo um grande segundo turno e esperamos escapar bem e até buscar uma vaga na sulamericana.

OA: Porque a Lusa não consegue repetir as boas atuações fora do Canindé?

Gustavo: É difícil falar. A gente tenta jogar da mesma forma, mas em casa nós estamos tendo uma força muito grande e o torcedor vem nos apoiando. Isso está fazendo com que estejamos bem na competição. 

OA: Hoje você vê que tem condições e espaço para atuar em grandes clubes? Recebeu alguma sondagem?

Gustavo:  Sondagem a gente até recebe porque no final do ano eu estou livre, sem vinculo com o clube. Aí as coisas são diretamente comigo. Quando você vê que acontece o destaque, que você está em um bom momento assim como o time, é normal haver a sondagem até de fora porque eu tenho passaporte italiano.  E lógico que eu vejo que tenho espaço em time grande, porque a qualidade de hoje está muito abaixo do que já foi. E eu ainda tenho muita coisa pra jogar. Mas só vou pensar no meu futuro quando o meu contrato acabar.

OA: Tem algum colega, ex-colega, técnico ou ex-técnico que você destacaria e por quê?

Gustavo: O técnico é o Caio Junior. Trabalhei com ele três vezes (Paraná, Palmeiras e Botafogo) e tem aquilo da confiança. Foi uma pessoa que me marcou, sempre me apoiou e confiou em mim. Jogadores, eu sempre tive um bom relacionamento com todos, mas um que eu falo até hoje, que é meu amigo e pelo qual eu torço é o Kléber (Gladiador, atualmente no Grêmio). Jogamos juntos no Palmeiras e no Cruzeiro. Uma pessoa fantástica que eu vou guardar a amizade.

OA: Qual o seu objetivo hoje?

Gustavo:  Sem dúvida nenhuma é ser campeão brasileiro. Estadual já fui, tive esse privilégio. Tenho o sonho também de jogar a Liga dos Campeões, que é um campeonato que eu admiro.

OA: Algum comentário ou recado para a torcida da Portuguesa?

Gustavo: Fico feliz pelo reconhecimento do meu trabalho. O torcedor soube entender todo o momento que eu passei. Agradeço o apoio de cada um. Isso pra mim é muito importante. Gostaria de pedir o apoio até a última rodada. 

Entrevista realizada por telefone, sexta-feira dia 5/10/2012