quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Esqueceram de mim

     Em tempos que o futebol brasileiro tenta encontrar uma solução para a volta do chamado ''futebol arte'', com jogadas geniais, dribles desconcertantes e muitos gols, temos por hábito criticarmos negativamente aqueles que não se encaixam nesse perfil. É sabido por todos que atualmente prima-se pelo vigor físico do que pelo talento individual. A carência de craques é relacionada a partidas onde prevalecem a marcação, as jogadas divididas e consequentemente poucas chances de gol. Hoje um jogador faz 5 gols e já é elevado ao posto de ídolo, exaltado pela torcida e mídia, mesmo tendo qualidade duvidosa. Porque não fazemos isso com os volantes, aqueles que ''carregam o piano'' muitas vezes, por exemplo? Está certo que raras vezes chegam ao ataque, criam jogadas ou marcam gols, mas possuem função essencial e que é ''esquecida'' pela maioria. Vejamos alguns exemplos.


     O mais famoso deles deve ser Willians do Flamengo. Fazendo excelente campanha desde 2009, ano em que roubou mais de 120 bolas, Willians passa tranquilidade aos rubro-negros e confiança a Thiago Neves, Ronaldinho e cia. Tem fôlego e disposição de dar inveja a muitos. É o volante chamada ''carrapato''. Flamengo sendo atacado? Pode procurar que ele estará na cola de alguém, ''mordendo'' como sempre. Willians chegou a ser questionado pela quantidade de passes errados, mas ninguém descarta sua utilidade ao time, que é líder do Brasileirão invicto, provando assim que tem lá sua participação. Titular absoluto, já me incomoda vê-lo de vermelho e preto, uma camisa amarelinha caíria bem!

     No vice-líder, Corinthians, Ralf se destaca em um time muito ofensivo, que joga com 3 atacantes, 1 meia criativo e 1 volante que sai muito pro jogo. Com muitos desarmes e poucas faltas, Ralf foi ''recompensado'' com a renovação de contrato e a convocação para a Seleção. Vindo de um clube pequeno paulista e com a missão de substituir Cristian, que foi para a Turquia, o Pit-Ralf parece não ter sentido o peso da responsabilidade e agarrou a oportunidade, assumindo a titularidade e tomando conta do meio-de-campo defensivo.


     No Santos, o Santástico, recheado de craques, alguém tem que segurar a barra de um time com tantos jogadores com características ofensivas e que não se preocupam tanto em ''ajudar'' a defesa. Em 2010 essa função foi única e exclusiva de Arouca, que jogava centralizado dando velocidade as saídas de bola. Com o Santos quase que os 90 minutos no ataque, a defesa não sofría tanto. Mesmo assim os jogos eram repletos de gols, tanto para um lado quanto para o outro. Em 2011, Arouca passou a ter a companhia de Adriano (Você o conhece?). Peça fundamental na Libertadores, porém ofuscada pelo brilho de Neymar, Adriano deu consistência defensiva ao time. Na competição continental a equipe tomou poucos gols com Muricy, obviamente todo o crédito não vai para Adriano, mas que ele teve grande participação não se pode negar.

     Por fim, daremos destaque também a um ''hermano'', porque não? Guiñazu, volante do Internacional, representa bem o entrosamento de equipes gaúchas com jogadores sulamericanos. O futebol do sul, tem por característica ser um jogo duro, bastante pegado, Guiñazu se encaixou como uma luva. A eficiência na marcação esbarra no excesso de faltas e de cartões, mesmo assim é figurinha constante nas partidas do Colorado.

     Não é raro acharmos exemplos que retratem um bom futebol de marcação, muitos destes são ídolos nos times, assim como aqueles tais atacantes mencionados no início do texto. Devemos parar de taxar jogadores com poucos recursos vistosos, podemos dizer assim, de ''cabeças de bagre'' e exaltar suas eficiências, pois num campeonato tão disputado torna-se imprescindível a manutenção de volantes.

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