sábado, 2 de julho de 2011

O radicalismo de Ricardo

  Título mundial em 2002 e tentativa de manutenção total do grupo para a Copa de 2006 - inclusive do treinador: do time titular, apenas o zagueiro Juan, o volante Emerson (lesionado na Coreia/Japão) e o atacante Adriano não estavam em Yokohama, na final contra a Alemanha.



  Queda nas quartas-de-final sem nenhuma exibição digna em 2006 e renovação total. Afonso, Morais e até Jonatas foi convocado pela seleção de Dunga, que jogou contra a Coreia do Norte com Maicon, Michel Bastos, Felipe Melo, Elano e Luís Fabiano. Só entre os titulares, cinco jogadores que não estiveram na África do Sul.

  Aquele medonho segundo tempo contra a Holanda, mais uma eliminação nas quartas e... renovação total. A seleção brasileira de Mano Meneses é tão reformulada que depende de um jogador que só atuou uma partida - Paulo Henrique Ganso - para que o esquema dê certo. André Santos, Lucas Leiva, o próprio Ganso, Neymar e Pato. Mais uma vez, cinco titulares e uma brutalidade imensa na reformulação.



  Mano tem uma carreira já muito vitoriosa, Dunga venceu os grandes adversários quase sempre, Parreira é campeão do mundo. Nenhum deles é meu técnico, o problema todo é o senhor Ricardo Teixeira, presidente do que chamamos Confederação Brasileira de Futebol. Não vamos aqui discutir os - incontáveis problemas de gestão do futebol nacional - mas lembrar que as transições Copa-a-Copa acontecem segundo sua ordem. Pura ilusão essa de que é preciso renovar sempre, pura história. Ricardo atende a demanda popular sempre que pode. O Brasil venceu a Copa? Mantenha quem puder, Parreira. Perdemos em 2006 com uma falta de vibração visível? Quem melhor que Dunga para comandar o time canarinho? Faltou talento em 2010? Vamos  fingir que ninguém serve e montemos um novo time...

  As seleções médias e pequenas não fazem essa transição de forma tão radical, o Uruguai, melhor sul-americano do último mundial, manteve vários jogadores de idade avançada para esta Copa América, mantendo a base de um grupo que joga junto há muito tempo. Apenas cinco atletas diferentes da última Copa. Cinco. Há quem vá alegar falta de talento, em comparação com nossas terras. Sem dúvida. Mas façamos um exercício de memória: perdemos para a Holanda da forma como sabemos. Em seguida, a Holanda enfrentou um Uruguai com desfalques importantes, como Lugano e Suárez, além de um Forlán voltando de lesão. Um jogo duríssimo que terminou 3 x 2 para os laranjas. Na disputa pelo terceiro lugar, uma cobrança de falta na trave, no último minuto, não empatou o jogo contra a Alemanha. Um linda campanha uruguaia. E a renovação vai se dando aos poucos, de maneira natural. Por exemplo: reserva no mundial, o centro-avante Loco Abreu, com idade bem avançada, provavelmente não será útil em 2014. O que não significa que não é hoje. Um processo gradual.



  O Brasil pode aprender também. O Brasil têm um grupo de protagonistas muito jovens nesta Copa América. Ricardo deveria ser menos radical.

  Deveríamos levar mais a sério a palavra da moda: equilíbrio...

  Hermanos:

  Enquanto isso, Sérgio Batista vai achando que uma equipe com três volantes, nenhum meia, três atacantes e extremamente individualista vai engrenar e se transformar no Barcelona. A Bolívia - sim, a Bolívia!!! -  poderia ter ganho ontem...

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