quarta-feira, 13 de julho de 2011

4-2-3-1. Porquê?

  Pois é. Depois do clássico 4-2-2-2 e do 3-5-2, o esquema tático da moda no futebol é o 4-2-3-1. Mas qual o motivo de tanto fascínio por um esquema? O que está por trás desse modismo? Ele veio para ficar? Respondemos aqui.

  A primeira lembrança é daquela França que vinha muito mal das pernas na Copa de 2006, mas melhorou e avançou até a final contra a Itália quando Raymond Domenech mudou o esquema de jogo. Do meio para frente: Makelele e Viera; Ribery, Zidane e Malouda; Henry. Um maestro regendo os azuis, muita velocidade com os meias externos bem abertos e Henry muitas vezes em posição irregular, sempre no limite da linha de zaga adversária.

Thierry Henry foi o centro-avante
perfeito  para a França em 2006
  Na última Copa o que mais se viu foram os tais cinco no meio. Do eliminado Brasil à campeã Espanha. Jogávamos com um meio-campo "em escada": Robinho pela esquerda, próximo a Luís Fabiano, Kaká centralizado e Elano mais atrás, pela direita, acompanhando Maicon. Felipe Melo era segundo volante, pela esquerda. A Espanha de raros gols só encaixou sem Fernando Torres, Com Villa de centro-avante, Iniesta, pela esquerda, Xavi pelo meio e Pedro pela direita.

  Há algumas variáveis nessa já difundida tática. Um dos times que utiliza isso no Brasil, o Botafogo tem dois volantes bem avançados, o que naturalmente "empurra" ao menos um dos meias adversários para trás. Para isso, os ótimos Marcelo Mattos e Renato têm muito vigor físico, marcação forte e uma qualidade impressionante no passe. Em contrapartida, a ausência de uma referência dentro da área reduz o repertório do time: Só Elkeson vem se destacando na parte ofensiva. O fato de Herrera não ser e não saber fazer o papel de pivô faz com que Maicosuel não tenha referência à frente e a marcação sempre dobre sobre ele ou outro meia externo. Os laterais também não têm para quem cruzar. Os torcedores alvinegros rezam pela volta de Loco Abreu, para que Caio Júnior possa consolidadar seu time com os meias externos próximos do meia central, ao contrário da França-2006.

Herrera não consegue ser a referência que
Loco Abreu costuma ser no ataque alvinegro
  Os exemplos mais bem-sucedidos de 4-2-3-1 pelas terras tupiniquins são os times de Mano Mezeses: Grêmio e, principalmente, Corinthians. Com Mano, pela primeira vez o Timão foi eliminado da Copa Libertadores e não foi instaurada uma crise no Parque São Jorge, tamanha era a lucidez da equipe. A melhor versão daquele Corinthians tinha Felipe, Alessandro, Chicão, Wiliam e André Santos; Elias e Cristian; Dentinho, Douglas e Jorge Henrique; Ronaldo. Um time que fazia do estreito Pacaembu um campo onde a vitória era praticamente certa. Ataque em bloco, apoio duplo pelos dois lados(Alessandro/Dentinho por um lado e André Santos/Jorge Henrique muito fortes pelo outro), Elias aparecendo com muita eficiência como elemento-surpresa e um tal de Ronaldo na frente...

  Percebe-se na seleção brasileira a tentativa de implementação do mesmo sistema tático, até pela ausência de meias que dominem a armação da equipe, como em outros tempos. Porém, a falta de tempo para treinamento(o trabalho nos clubes é a longo-prazo) dificulta muito para que os volantes avancem no terreno, Paulo Henrique Ganso encontre sua posição no campo - nem tão perto dos meias externos, nem tão longe dos volantes -, Neymar e Robinho(ou outros que mereçam) ocupem os espaços e o centro-avante - posição crucial no esquema - saber que precisa dar profundidade à equipe. Em outras palavras, ser pivô para todo o time(fazer a equipe jogar, rodar) em certos momentos, acelerar quando a marcação pede que os homens de trás usem lançamentos e abrir espaço para, principalmente Ramires, ser surpresa no ataque. Sem comparações técnicas, e sim táticas, ser o que Ronaldo era para o Corinthians ou comportar-se como Henry, nos lançamentos de Zidane. Essa é a função de Pato. Taticamente, Fred é melhor opção. Taticamente...

Apesar de não ser melhor na técnica,
 Fred pode ser mais útil do que Pato à seleção
  Mano Menezes tenta utilizar o esquema que o mundo inteiro usa, o esquema tático que mais jogadores colaboram defensivamente, que melhor distribui jogadores em campo. Talvez o melhor esquema para a seleção, mesmo. Porém, tantas variáveis, tantas peculiaridades demandam um período de tempo que pode não existir, tratando-se de torcida brasileira(a Espanha não convencia no início dos trabalhos). Cabeça de Mano Menezes a perigo.

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