domingo, 9 de setembro de 2012

As provas da revolução

O capitão da argentina tomou decisão emblemática.
(Foto: www.mundodofutebol.net)
  Javier Mascherano é um dos melhores volantes do mundo. Tem esse status há, no mínimo, seis anos. Típico volante mordedor, titular absoluto da seleção argentina e do Barcelona... onde é zagueiro. Como zagueiro se firmou e aqui você confere que como zagueiro ele quer dar sequência à sua carreira. 

  Não, Mascherano não é um trintão que precisa recuar porque o físico não permite mais. Masc tem 28 anos. Muito menos têm altura de zagueiro: sua estatura é 1,78m. A decisão do argentino tem - certamente - a ver com a presença de Sergio Busquets no Barça. O esguio não-mordedor da equipe tem a função de honrar a origem do nome da posição em que joga e direcionar o time. Orientar por onde a jogada deve começar. Sylvinho, certa vez, disse que Guardiola o obrigava, nos treinamentos, a dar, no máximo "um toque e meio na bola". É meio por aí. E virada rápida de jogo está longe de ser característica de Mascherano.
Depois de passagens por Vasco e Porto, Souza ajuda o Grêmio
na bela campanha do tricolor neste Brasileirão.  (Foto: i0.ig.com)
  Outro grande nome da proteção à área é Yaya Touré, do Manchester City. Primeiro volante de origem, a qualidade para a saída de bola é invejável. Por aqui, o Grêmio cresceu muito de rendimento neste Brasileirão quando Elano e Zé Roberto chegaram. Meias. Em um meio-campo onde os volantes são os jovens e excelentes Fernando e Souza - que já foi titular do Porto. O time não dá chutão, ataca em bloco e tem sempre quatro jogadores para servirem os atacantes.

Mas nem tudo são flores.

  Essa nomenclatura me incomoda: "segundo-volante", como costumamos classificar determinados atletas. Vejamos um de muito sucesso: Ramires. Grande característica: capacidade aeróbica. Convenhamos, apesar da boa técnica, o ex-atleta do Cruzeiro aparece mais ofensivamente do que marcando alguém. Diguinho, do Fluminense, é outro que foi por este caminho. Raçudo, marqueteiro, bom passe, drible... e, antes de fazer sucesso, foi contratado como meia pelo Botafogo. E assim vão alguns casos. "Segundo-volante" é uma pseudo-posição. Não são poucos os que ocupam a frente da zaga sem proteger, disfarçando a ausência de poder de marcação com as qualidades de um "terceiro homem de armação de jogadas". Faça-me o favor...

O limitado Cocito fez muito sucesso.
(Foto: www.marcelodieguez.com.br)
Então...

  Então nós estamos vivendo a prova de que o jogo se ganha - quase sempre - no meio-campo: quanto mais polivalentes os jogadores que por ali jogam, maiores as chances de um bom desempenho. Provavelmente, o melhor volante que eu vi jogar é o Claude Makelele, que defendia a seleção da França. E junto dele, outros fizeram história, como Genaro Gattuso. Por aqui, o tempo de Amaral, Cocito, Mauro Silva e Jonílson está ficando para trás. Brucutus estão em processo de extinção, apesar de resistirem por aí. O contra-ponto é que o Internacional, pelo limite de estrangeiros, não coloca o grande Bolatti nem no banco, para Guiñazu poder jogar. E, assim, muitas vitórias vêm. Não há melhor ou pior. Há adaptação. Resistência aos novos tempos. Qualidade para impor o que desejas.

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