terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Rotineiras lições do óbvio e a explicação da decepção

  Impressionante e relevante são dois adjetivos que deveriam ser mais presentes no vocabulário de dirigentes do futebol. É impressionante ver como as coisas se repetem. Os filmes passam mais que “A lagoa azul” na Sessão da tarde. Mudam apenas personagens. Cartolas, emblemas, cores, jogadores. Pode não ser tão simples agir no mundo boleiro, porém, o que é evidente é relevante, certamente.

  Quando e por que razão foi o Corinthians campeão? Primeiro eu cito algumas coisas e vocês digam se há erro: elenco com peças de reposição à altura, quase sempre; investimento (nos últimos anos) na estrutura do clube; manutenção do treinador nos momentos de crise; acreditar que o trabalho da temporada anterior pode ser melhorado; manter a espinha dorsal do time.


  Quantas vezes você ouve e lê essas coisas? Rotineiramente?  Não há segredo, amigos. E não há possibilidade de injustiça – fora seguidos erros de arbitragem – em um campeonato por pontos corridos. Quem melhor levar o ano, levará o caneco.

  O grande vencedor do ano? Assim fez sua fama, o Vasco da Gama. Quando a equipe fazia um início de ano tenebroso, o homem-forte do futebol, Rodrigo Caetano, continuava a acreditar na equipe. Foi trocado o treinador sem-chão, alguns veteranos obsoletos foram substituídos por atletas com fome de serviço. O ano foi tendo sequência, o time opções. Cada vez mais opções, mesmo estranhas, mas boas opções. Outro grupo coeso. Outro clube recebendo investimentos há alguns anos. Do rebaixamento à glória, a consciente ascensão. Muito do certo é do Vasco também.

  Por outro lado...

  ...dificilmente a decepção não é explicável


  Começar afirmando: quem diz que a estrutura é primordial sentou com vontade esse ano. Cruzeiro? Furacão? Evidenciou-se uma brisa treinando há anos para ser rebaixada. Super-herói tem super-poderes. Quem faz milagre é o divino. Dessa vez não deu não é, Paulo Baier?

  O caso mineiro-azul é mole: para ter as contas aprovadas, o presidente teve que fazer dinheiro. Lembremos que o Cruzeiro vendeu Jonathan e Henrique – um dos melhores do país em suas respectivas posições – além de Thiago Ribeiro e a dispensa de Gilberto. Não há como esperar coisa grande de quem via em Leandro Guerreiro solução. Sim, Roger disse isso. Um time desmantelado, com o poder de criação nos pés de um Montillo com a cabeça longe e de um imprevisível namorado da Déborah Secco.


  Agora, o sempre surpreendente Botafogo. Vamos entender esse drama Freudiano. Depois de um 2010 em que lesões impediram a classificação à Libertadores, o time 2011 é preparado sem um patrocinador poderoso e logo no início tem a venda de um meia para a China. Convenhamos que quando Renato Cajá faz falta é porque a coisa não foi bem feita antes.

  Enfim. Loco pediu, Joel caiu. Caio Júnior chegou. Chegou e prometeu ir ao ataque. O presidente prometeu um time forte. Um forte – sem trocadilhos – patrocínio foi acertado. Então reforços chegaram. Encaixaram. Funcionaram. E, melhorando o time, acabaram por esconder as deficiências de um grupo em que nenhum lateral sabe marcar, além de Alessandro, que não sabe jogar, e sem reservas que funcionassem para meia e ataque. No sempre esperado momento de crise técnica, não houve muito o que fazer. Fazer cabe ao técnico. Inventou, merda falou, e fatalmente rodou. Rima podre? Rima minha.


  Mas foi isso. A crise nunca começa no estopim. O título nunca é ganho no gol final. O processo envolve sempre vários fatores. No final das contas, o vencedor mostrou ao mundo que a piada de seu vocabulário merece ser levada mais a sério. É preciso EQUILÍBRIO.

  Entra ano, sai ano, e as mesmas necessidades são ditas. Desta vez, mais uma vez, ficou evidente.

Um comentário:

  1. Montillo com a cabeça longe? Não acredito, penso o contrário. Ele focou no Cruzeiro para esquecer seus problemas, a fase era horrível que até penalti em jogo decisivo perdeu. Ele não merecia cair para série B.

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