terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Amor à distância










Uma vez Jimmy Page, grande guitarrista da banda Led Zeppelin, declarou amor a sua guitarra como se declara a uma mulher. Ele passou bons momentos em sua companhia e, mais do que isso, é quem é, hoje, graças a esse amor.

Com os times de futebol, o amor não é diferente. Constantemente vemos torcedores fanáticos que amam seus times como se ama uma pessoa. Há uma personificação do clube amado. O time é tudo para eles e, quando este está mal, também o estão. Isso é normal. Anormal, talvez, seja classificar esse amor doentio como algo aceitável e corriqueiro, mas isso acontece e não é raro encontrar esses torcedores.

Mas será que Jimmy Page e esses torcedores devotos manteriam seu amor declarado a sua guitarra ou seu time de futebol quando este está a quilômetros de distância?

Com uma mulher, o amor se mantém. Não há tempo que mude sentimento tamanho. Não há distância que apague o que se sente por uma mulher, ainda mais com as facilidades de comunicação de um mundo moderno.

Quando a amada está longe, realmente longe, você tem saudade, tem medo, fica preocupado, sente dor. Você quer, acima de tudo, que o tempo voe para tê-la em seus braços novamente. Mas a paixão permanece. A voz dela, ao telefone, te acalma. Uma foto ou conversa por web cam, a traz para perto, mesmo que virtualmente. Quem gosta de verdade, dá um jeito de fazer funcionar, não importam as barreiras.

E no futebol? É difícil imaginar um amor - no sentido mais forte da palavra - por um clube de futebol quando não se pode ir ao estádio, quando não se pode sentir a emoção e a vibração dos outros amantes, expressando o mesmo que você tem a dizer em uma sintonia sentida, porém inexplicável.

Para Jimmy Page, a guitarra é igual uma mulher e, provavelmente, hoje, ele viveria muito bem com seu amor distante. E o time de futebol? É igual uma mulher? Um amigo meu uma vez disse, um dia antes de se mudar para a Espanha, que não sentiria saudades de seu tão amado clube, o Flamengo. Fiquei tão surpreso ao ouvir aquilo de um dos flamenguistas mais apaixonados que já conheci. E olha que é difícil classificar isso. Mais tarde, pensando, entendi que o vínculo que ele criou ultrapassava o físico e presencial. Ele levaria desde então, não importa onde estivesse, aquele sentimento dentro dele. Assim como Forrest Gump levou Jenny, o amor de sua vida, por todas as suas viagens e fantasias solitárias.

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