sábado, 3 de novembro de 2012

No lugar errado


  Me recuso a crer que um treinador que consegue desempenhar boas campanhas por anos consecutivos seja ruim. Por isso me reservo no direito de pensar que Celso Roth é bom. E melhor ainda seria se não houvesse nascido no Brasil. Imagine só.

  Roth surgiu como a maioria dos técnicos surgem: depois de se destacar por um time pequeno - em seu caso, pelo Caxias-RS - ganhou oportunidade em um grande clube. Foi no Internacional que ele apareceu para o Brasil todo. E depois de então foi seguindo por vários clubes grandes do país, como Vitória, Palmeiras, Grêmio, Flamengo, Vasco, Botafogo, Goiás, Atlético-MG e Cruzeiro e Sport. Não necessariamente nessa ordem...

  Completando a pequena biografia, Celso Roth assinou como técnico os títulos de campeão gaúcho de 1997, pelo Inter, e 1999, pelo Grêmio. Copa Daltro Menezes, pelo Caxias, em 1996; Copa do Nordeste, em 2000, pelo Sport. Em 2010, herdou o Inter na semi-final da Libertadores e levou a Taça. No Mundial, tinha um Mazembe no meio do caminho...


  Por onde passa, Roth normalmente deixa o time mais organizado do que quando encontrou. Mesmo que a solução para tal desorganização seja se defender primeiro, para não perder, e depois atacar. A retranca. Pois é. Por isso mesmo, Roth deixou também o histórico - não apenas o rótulo - de retranqueiro por onde passou. E junto dessas marcas vieram as de antipático, mal-educado e extremamente disciplinador.

  E assim Roth vai perambulando de estado em estado. Ganhando em três dígitos, organizando equipes... e sem a paciência dos torcedores. Torcedores que só viram desempenho de Roth menor que 50% no Flamengo e no Botafogo.

  O que costuma acontecer é que Celso Roth assume um time bagunçado, arma a retranca, o time melhora, e em alguns casos sonha alto - casos do Vasco em 2007, do Grêmio em 2008, e, principalmente, do Atlético-MG em 2009, quando o Galo passou de aspirante ao título a fora do G-4 depois de cinco derrotas na reta final do campeonato.

  Perder a mão


  Essa fama que acompanha o treinador tem argumentos. E é nela que baseio minha tese. E SE Roth fosse europeu? Voltando à quantidade de títulos, há técnicos de Série A que não tem as conquistas nem em número, nem em tamanho. Impaciência do Roth à parte, é preciso respeitá-lo.

  Se Roth estivesse na Europa, as turbulências seriam mais respeitadas, aguardadas, e o outrora bigodudo treinador teria mais chances de desenvolver um trabalho longo. Não sofreria os desrespeitos que cansa de sofrer por parte, principalmente dos dirigentes, que especulam sua saída com meses de contrato ainda a serem cumpridos e sondam outros treinadores. Depois de pegar um Cruzeiro desfigurado e colocar em uma posição respeitável, já se falou até em San Paoli, da Universidad de Chile e em Marcelo Oliveira, do Vasco.

  Calma consigo, Roth. E calma com os outros...

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