sábado, 24 de novembro de 2012

O pronto, o favorito e a questão

  Quando contratou Mano Menezes, o então presidente da CBF, Ricardo Teixeira, deixou claro que o planejamento era de longo prazo. Isto significa que resultados imediatistas não seriam determinantes para a troca do comando técnico, visando a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, ambas no Brasil. Ao manter o treinador depois dos fracassos na Copa América e nas Olimpíadas, o sucessor de Teixeira, José Maria Marín, assinava embaixo e se contradiz, agora, demitindo o técnico.

  O próximo treinador da seleção herdará um legado curioso, pois muito foi questionada a demora de Mano para encontrar o acerto ideal ao esquete canarinho. Mérito de Mano ou não, tais acertos vinham acontecendo. O grupo está praticamente definido para a Copa das Confederações. Desafio: liste quatro jogadores que deveriam ser titulares na sua seleção e não vêm sendo convocados. A questão tática é outra história, mas se o plano era o futuro, a safra de atletas é essa aí. Acredite, a seleção está quase pronta.

  Mas pronta não quer dizer favorita. Simples assim: o Brasil não tem material humano para ser considerado favorito na Copa do Mundo. Está atrás, pelo menos, de Alemanha e Espanha. Quero dizer que, comparando nomes e capacidade de evolução tática, não vejo capacidade de, num confronto direto, vencermos os adversários que citei. Tomara que eu esteja enganado, mas por melhor que possa ser o trabalho do próximo técnico, fazer os rapazes jogarem mais do que jogam em seus clubes... quero ver!

  Então chegou o 23 de Novembro de 2012. Andrés Sánchez afirma que a demissão de Mano Menezes reflete o desejo do presidente de ver "novos métodos" na seleção. Partindo desta crença, Muricy Ramalho é o maior vencedor atualmente. Porém, Felipão é o mais apropriado e já é o favorito, por já conhecer como funciona a CBF. Por outro lado, ainda durante a noite desta sexta-feira, o editor e fundador do Lance!, Walter de Mattos Junior, escreveu o que começaria a pipocar na internet e seria capa do diário esportivo de hoje: a seleção brasileira é a única equipe do mundo que Josep Guardiola aceitaria treinar prontamente, segundo palavras do próprio. O que parecia utopia torna-se então extremamente viável.

  Me reservo no direito de pensar que Guardiola na seleção brasileira não seria uma revolução, visto que o mesmo já declarou ter inspirado seu trabalho no antigo jogo brasileiro. Escolher Pep seria dar uma oportunidade imensa para o resgate do tal futebol-arte, se é que isso é possível. Contratar Felipão seria voltar dez anos no tempo, e até mais tempo na ideologia, e fechar os olhos para os avanços que o futebol tem visto. Mas são dois personagens imensamente vitoriosos. Currículos sensacionais. Outro nome diferente seria do mesmo nível de Mano. Zebra.

  Quem assinar como técnico a partir de janeiro, poderá reformular tudo ou continuar o trabalho de Mano Menezes. Mas não terá escolha quanto a, em pouco tempo, tornar um grupo quase pronto em uma equipe pronta. E fazê-la favorita. A manutenção era a melhor opção.

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