quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Entrevista: Leila

Foto: Divulgação/TV Globo

  Leila é ex-jogadora de vôlei de quadra e praia. Foi medalhista de bronze em duas Olimpíadas: Atlanta-1996 e Sydney-2000, ambas atuando na quadra. Abaixo você confere a entrevista exclusiva que ela concedeu na última quinta-feira ao O Agonizante. Leila comenta o desempenho do vôlei nas Olimpíadas de Londres e o que espera para o Rio em 2016.

O Agonizante: O que você achou do resultado do vôlei, em Londres 2012?

Leila: Eu fiquei muito feliz com o resultado. As pessoas criticaram o vôlei (de quadra) masculino que ganhou a prata, mas temos que lembrar que um mês antes eles não se classificaram para a fase final da Liga Mundial. O Bernardinho teve várias dificuldades, como as lesões do Dante e do Murilo. Todo o processo da preparação da seleção foi muito conturbado. Temos que louvar a participação.

OA: Apesar disso, a equipe vinha bem. O que acha que aconteceu na final?

Leila: A grande vitória da Rússia foi no critério físico. Não foi nem na qualidade técnica nem na tática. Os russos deram show? Realmente deram. Tirar o Muserskiy, que é um grande central, e colocá-lo como oposto foi uma estratégia inusitada que deu certo. Fisicamente a equipe deles suportou muito bem a partida, que teve cinco sets. Isso é extremamente louvável.

OA: E a seleção feminina?

Leila: Sem comentários. Mesmo se eu apostasse todas as minhas fichas, não diria que elas chegariam aonde chegaram. Foi uma lição. Exemplo de superação. Belíssimo.

OA: E quanto ao vôlei de praia?

Leila: Na praia, a gente tinha aquela expectativa com Juliana/Larissa e Alison/Emanuel, as duplas eram favoritas. Mas em Olimpíadas leão vira cordeiro e cordeiro vira leão. Tudo pode acontecer. Mas eu acho que eles mantiveram a tradição da praia de nunca voltar de mãos abanando. Isso tem que ser levado em conta. No caso do Alison e Emanuel, eles chegaram numa final e contaram com uma grande atuação dos alemães, eles venceram nos detalhes. Foi uma bela final. E as meninas, mesmo após uma derrota, conseguiram se recuperar e vencer as chinesas, que eram uma das favoritas também.

OA: Acredita que um dia o Brasil se torne o país do vôlei?

Leila: É um grande sonho, acho que estamos dando um exemplo a bastante tempo. O Brasil não deveria ser o país do futebol ou do voleibol, tem que ser o país do esporte. Nós, agora, estamos começando a implementar uma política esportiva. Estamos olhando o esporte com outros olhos, vendo como uma ferramenta social.

OA: O que falta para o esporte crescer?

Leila: O que não falta é material humano. Falta investimento, trabalho. Já mostramos que temos profissionais competentes, tanto que exportamos muitos. Temos que entender que o esporte é capaz de transformar vidas. Espero que no Rio, em 2016, sejamos um outro país em todos os aspectos e que o esporte ajude nessa transformação.

OA: Giba e Serginho já anunciaram a aposentadoria da seleção. O Emanuel ainda é uma incógnita. O que você acha da renovação do voleibol e essa possível perda de ídolos para 2016?

Leila: Se você me perguntasse em 2000, quando foi minha última Olimpíada, se o Brasil seria capaz de sediar uma competição dessas, eu diria que teria que nascer de novo. O esporte é uma carreira efêmera. Esses caras fizeram muito pelo vôlei, são referências. A história do vôlei de quadra se confunde com a do Giba e do Serginho. Na praia não é só o Emanuel, tem o Ricardo também. Temos que agradecê-los e tomá-los como exemplo. O atleta tem que entender que um dia acaba, que vêm as próximas gerações. Espero que essas gerações tenham aprendido com eles. Espero que o novo assuma a responsabilidade desse legado. Eles adubaram o solo, preparam tudo para o que está vindo. Os olhos do mundo estão voltados para o Brasil agora. Essa renovação é muito positiva.

OA: Muitos atletas, não só no voleibol, após encerrarem a carreira, se tornam treinadores. Você nunca teve essa vontade?

Leila: Ser treinador no esporte de alto rendimento é para poucos. É muito desgastante. Não tenho esse perfil. Nunca pensei nisso. Gosto da área social, de trabalhar com crianças, por exemplo.

2 comentários:

  1. Muito bacana a entrevista! Melhor ainda ter conseguido com ela, pois é o esporte que tem dado orgulho de ver! Lembro que depois de Pequim a quadra não era mais usada pro futebol, mas a galera queria mesmo era jogar vôlei. Aprendi a jogar e é muito bom!

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  2. Lindo trabalho desse grande musa do esporte brasileiro, parabens!!!

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