sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Entrevista: Luiza Dreyer

Foto: globo.com
O The Voice Brasil termina neste domingo. Por isso, O Agonizante preparou um especial com alguns nomes que encantaram o país com seus talentos vocais ao longo do programa. A entrevistada de hoje é Luiza Dreyer. Há quatro anos no mundo da música, ela revela as principais mudanças proporcionadas pelas primeiras aulas de canto e critica a escolha dos jurados. Fique ligado que vem mais por aí.

O Agonizante: Porque resolveu se inscrever no The Voice?

Luiza Dreyer: Eu fiquei sabendo por família e amigos. Eles sempre falaram para eu me inscrever em programas como o do Raul Gil e o Ídolos. Mas quando chegou o The Voice, e era uma coisa da Globo, todo mundo sabia que ia ter um investimento maior, falaram mais ainda para eu me inscrever. E aí, minha tia fez a inscrição. Eu não estava muito motivada.

OA: Gostou do seu desempenho? Acha que poderia ter feito algo de diferente, até mesmo melhor?

LD: Ah, com certeza. Fiquei muito nervosa nas audições. Eram sete jurados olhando para nós e tinha uma câmera filmando. Eu falei que ia cantar Cássia Eller e o tecladista tocou uma versão meio ''enterro'' dela e eu sou mais rock n´roll. Eu não pedi para mudar e comecei a cantar. A música era Por Enquanto, minha voz ficou tremendo e não ficou legal. O próprio Boninho pediu para eu cantar a capela, sendo que eles não estavam deixando ninguém cantar assim, tinha que ser acompanhado. Aí eu cantei Amy Winehouse. Quando acabei os produtores vieram me dizer que eu tava muito mal quando cantei Cássia Eller mas depois ''baixou um santo'' quando cantei Amy.

OA: Porque você acha que o programa está fazendo tanto sucesso?

LD: Primeiro porque é na Globo, que já tem muita audiência. Segundo que eles já tem um formato de sucesso, que é do outro The Voice. Terceiro porque tem um investimento muito grande por trás, que talvez não tenha nos outros. E também, por ser muito organizado. Já vi a organização de outros, as pessoas sofrem nas filas. Tudo bem que no The Voice tem gente penando, tendo que voltar outro dia. Só que eu fui levada de carro todos os dias, sempre tinha alguém para me levar e buscar, sempre alguém me ligando. E foram escolhidas boas pessoas para apresentar e julgar. Além claro, dos cantores, que são a parte principal do programa e o motivo da audiência.

OA: Concorda com o formato? Acha justo?

LD: Se a gente pensa no formato, não é legal. Um músico tem que acrescentar ao outro. Mas no meu caso, na minha batalha, eu não preciso falar, o público já disse que não foi justo. Realmente, eu não achei justo o resultado, não achei que o Gabriel cantou melhor que eu. Tiveram outras batalhas que foram injustas também. Eu acho que seria justo se saísse o pior e não é assim. Então, é injusto.

OA: Você acha que nesses programas não se busca somente o bom cantor, mas também um perfil já estabelecido?

LD: Eu também acho. Acho que tem alguma outra coisa por trás às vezes. O Lulu Santos até comentou esse negócio da alma. Eu não sei o que leva ele a buscar a alma, porque o que eu sempre busquei foi cantar com a alma. Eu canto jazz, o Gabriel canta rock, não que o rock não tenha alma, mas a minha música sempre foi uma parada de vísceras, de alma, aí o Lulu vem e me manda o discurso de que fui eliminada por causa da alma. Foi uma coisa que me deixou chateada. Mas aí, quando a gente para para pensar, vê que é um jogo de imagem, então, a gente não posso ficar abalada com isso.

OA: O que mudou no seu jeito de cantar?

LD: Eu tive minha primeira aula de canto lá dentro com uma das melhores, a Nina Pancevski. E isso ajudou muito. Ela me deu muitas dicas. Antes do programa, eu fui a uma fonoaudióloga para ver se tinha algum defeito, trava língua, alguma coisa, mas acabou que eu não tinha. Hoje, antes de cantar eu faço alguns alongamentos, alguns trabalhos para a garganta e para a voz. Minha impostação é diferente, tento não exagerar em algumas coisas. E tem também a postura. Não é só cantar, tem muito de mexer com o público e saber conquistar a pessoa. Mudou bastante.

OA: Você acha que existe a preocupação dos jurados em eliminar alguém que futuramente possa fazer mais sucesso que outro participante que por ventura venha a ganhar?

LD: Não acho que existe essa preocupação. Eles foram selecionando justamente por ter o perfil do programa. Acho que todo mundo que está ali tem potencial para seguir carreira. A questão é quem vai conseguir lidar com todas as questões, ter a manha e a sagacidade de continuar. Tem muita gente que já saiu e não está fazendo show. Eu não sei o porquê. Eu estou agitando as minhas coisas e fazendo os meus shows. Parado a gente não pode ficar, principalmente agora.

OA: Como está a sua carreira depois da participação?

LD: Eu não tinha feito show para fora da cidade. Agora, tenho um marcado para Nova Friburgo, vou para São Paulo também, pretendo ir para a Bahia e outros lugares, mas como está no fim do ano, não estamos conseguindo marcar tudo certinho. Talvez eu vá viajar, então as coisas estão meio emboladas. Eu já tenho lugares marcados durante a semana. Estou fazendo dois shows por semana. Vou fazer um show com o Diego Azevedo que também é do The Voice.

OA: Você teme ser rotulada como ex-participante do The Voice? Tem a preocupação que as pessoas associem a sua imagem ao programa?

LD: Já estão me associando. Sinceramente, está sendo uma honra. Só tinha gente que cantava bem ali. E o programa está rolando, então, isso faz parte. Ao longo do tempo, a gente vai continuar com essa lembrança, mas vai desvincular. Nós temos nosso trabalho e vão ter outras coisas que vão chamar mais atenção que isso.

OA: Alguns cantores fazem grandes espetáculos na hora da apresentação. Acha que isso interfere na escolha dos jurados?

LD: Acho que sim. A questão do espetáculo conta muito. As pessoas que já tem um pouco mais de experiência e que tiveram a sagacidade para ter esse tom de espetáculo e dessa manha de palco, eles estão conseguindo ter um passo mais a frente.

OA: Qual o seu diferencial como cantora?

LD: Isso é mais vendo. Eu sinto que cada música que eu canto, por mais que seja a mesma, gosto de cantar de uma forma diferente. Quando eu canto uma música, eu sinto toda a letra que está sendo colocada. E eu tenho uma voz rouca, puxada para o Soul. Minhas apresentações são bem viscerais, da alma mesmo. Gosto de brincar com a música. Eu gosto muito de interpretar, fazer cover. Não é chegar e tocar. Quero fazer a pessoa sentir o que aquela música quis dizer. Por isso que eu entrei no The Voice, porque eu faço uma coisa séria e profunda. Gosto de mostrar o porquê eu estou aqui.

OA: Acha que pode ter sucesso por conta do seu estilo musical?

LD: Com certeza. Eu sou puxada para uma Cássia Eller, mais desleixada. Acho que é isso o que está faltando na música brasileira.

OA: Quais os projetos para 2013?

LD: Bom, os projetos eu vou deixar na curiosidade. Mas no momento, eu estou em um tributo à Amy, que está todo mundo pedindo e estou fazendo shows. Enquanto isso, estou tocando na Melt, às sextas. No futuro terão outros shows que eu pretendo fazer com clássicos de jazz, ou de repente colocar uma Cássia, ou até mesmo um MPB, isso aí eu vou levando conforme o meu coração mandar.

Entrevista realizada por telefone na última quinta, dia 6/12
contato: fiusa.caio@gmail.com

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