segunda-feira, 16 de julho de 2012

Canário à glória

Rúben Magnano, merecedor de todos os louros.
Foto: Agência O Globo
  Rubén Magnano é mesmo fabuloso. Não é o primeiro técnico estrangeiro a dirigir a seleção brasileira de basquete, mas foi ele que, com toda sua qualidade, mostrou o mais simples aos jogadores brasileiros: o esporte da bola é laranja é coletivo e intenso. Marcar é natural. Em grupo, obrigação.

  Como dá gosto ver os canarinhos-gigantes batendo de frente com os americanos. Como foi bom ver dez pontos de vantagem sobre o time das estrelas. Mais que isso, como é notável a evolução do conceito de basquete que os atletas desempenham em quadra. Todos atacam, todos voltam. Prova disso foi a quantidade de rebotes que a seleção pegou: os jogadores sempre estavam bem posicionados.

  É claro que os EUA viraram o placar. Mas o fizeram com muito mais dificuldade do que imaginaram. Vencemos o primeiro período. Não daria para manter um alto nível de consistência durante todo o jogo contra monstros técnica e fisicamente como Lebron James, Kobe Bryant, Carmelo Anthony, Chris Paul, Kevin Durant... e um banco inteiro de trogloditas talentosos, competentes, milionários, bem treinados e subservientes.

  Merecem todas as palmas aqueles que introduziram na natural filosofia brasileira de atacar, atacar, querer atacar e fazer gol, digo, a cesta. Grande trabalho também da preparação física. Não é fácil, mesmo rodando o banco quase todo, trabalhar desta forma quando muitos dos que atuam no Brasil não têm este hábito.

  Analisando pontualmente o amistoso, Kobe, um dos grandes marcadores do mundo, anulou Leandrinho. Raulzinho errou tudo que tentou, visivelmente deslocado no cenário - afinal o baixinho deles é o Chris Paul, nada franzino, como o nosso. Mas foi bom para o jovem pegar experiência. Huertas mostrou, mais uma vez, que é um dos melhores do planeta na posição e o nosso banco mostrou que, enfim, temos opções. Nosso treinador pôde descansar todos e manter um nível bem parelho de desempenho, dentro do possível. E o mais importante, a cabeça esteve no lugar todo o tempo. Mesmo quando parecia que o nosso jogo se descontrolaria, as tentativas de bolas de três sem ninguém dentro do garrafão tinham sentido. O plano de jogo foi seguido.
Lebron foi o melhor em quadra, mas o destaque da
 partida foi a ótima atuação da seleção brasileira.
Foto: Agência Getty Images

  Então vamos à Londres. Se o objetivo é medalha, a atuação de hoje certamente assustou muitos dos concorrentes, como Rússia e Espanha, e nos oficializou como sérios candidatos às fases finais. Aos anéis olímpicos, eu aviso: o canário gigante acordou.

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