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Foto: Ruano Carneiro |
O Agonizante: O Campeonato Brasileiro deste ano teve um número alto de jogadores estrangeiros e de repatriados, alguns já consagrados. Mesmo assim, a média de público foi muito baixa, até mesmo do campeão Fluminense. Tem alguma explicação para isso?
Rodrigo Caetano: Ela (média de público) não tem nenhuma relação com a vinda de jogadores estrangeiros. Realmente, os clubes estão investindo. Agora, isso é muito por conta dos horários e até da própria questão dos estádios que não têm a melhor segurança. Mas em compensação você pode observar o quanto aumenta a média de público em um jogo à tarde. Então, eu vejo muito mais pela questão dos horários e acesso aos estádios. É um problema estrutural.
OA: O preço dos ingressos é justo?
RC: Olha, qualquer evento hoje, é caro. O público que vai aos estádios talvez não seja aquele que tem condições de estar indo a um evento desse porte. É isso o que nós temos que discutir. Outra coisa é a quantidade de jogos no mês, que inviabiliza. Isso pesa muito para aquele torcedor assíduo.
OA: O que o Fluminense pretende fazer para melhorar a média de público?
RC: Eu espero que tenhamos sucesso no plano de sócio torcedor. Aí sim, teríamos um ingresso mais barato, mais facilidade na aquisição, consequentemente um aumento de público nos estádios. Isso que nós esperamos.
OA: O Campeonato Brasileiro foi apontado como o 17° torneio mais valioso do mundo. Qual a sua opinião sobre isso?
RC: O que eu sei, é que hoje, (o Campeonato Brasileiro) é a terceira maior liga em termos de pagamentos de direitos de transmissão. Então é um número expressivo, que bate com a maioria dos campeonatos do mundo. O futebol brasileiro caminhou para isso, se organizou melhor, os clubes têm uma gestão mais profissional e isso passa para o torcedor e para o público uma credibilidade maior.
OA: O Fluminense olha da mesma forma para os diferentes mercados como o brasileiro, sulamericano, europeu e até mesmo o asiático?
RC: Isso não é prerrogativa. Na verdade, nós buscamos sempre o bom jogador. Mas os mercados hoje inviabilizam. Por exemplo, você trazer um jogador da Europa, que está jogando ligas mais importantes fica difícil, a não ser que seja em final de contrato. Agora, a aquisição é cara em qualquer situação. O que nós vemos aqui, invariavelmente é que esses jogadores que retornam ao Brasil estão em término ou findando o contrato. Aí sim, se transforma em uma boa oportunidade de negócio.
OA: O Fluminense é conhecido pelo seu poder financeiro. Você acha que em termos de contratação, quando o clube desperta interesse em algum jogador, a pedida salarial do atleta aumenta por ser o Fluminense o interessado?
RC: O Fluminense tem hoje a credibilidade do mercado e para honrar os seus compromissos. Claro que tem no patrocinador um diferencial favorável muito grande. Não são todos os jogadores que tem remuneração acima do mercado. Então a coisa não é bem assim. Mas é algo que o mercado reconhece, sabe que o Fluminense é um clube organizado, com boas receitas e com credibilidade. E isso é um fator que muitas vezes favorece para atrair esses jogadores. Agora, se eles pensam em ganhar mais por ser o Fluminense, é uma situação que depende de cada caso.
OA: O Fluminense está preparado para não depender da patrocinadora?
RC: Eu não sei o porquê dessa pergunta sempre. Todos os clubes buscam um patrocinador, aí o Fluminense, que tem um ótimo é perguntado como é que está para se desfazer. Acho que a pergunta tem que ser contrária, para os clubes que não têm um grande patrocinador. O que tem que fazer para ter. E não para o Fluminense. O Fluminense tem que estar preparado para manter o patrocinador, se não é o melhor, é um dos melhores a nível de futebol brasileiro.
OA: O Brasileiro de 2012 foi o que mais teve jogadores estrangeiros inscritos na história da competição. Junto a isso, existe a regra de que cada time não pode relacionar mais de três por partida. Você acha que isso evita que o futebol nacional se torne dependente?
RC: Não vejo dessa forma. Volto a dizer, o bom jogador independe da sua nacionalidade. O futebol brasileiro sempre vai ser preservado. É o futebol que mais produz jovens talentos. Esse tipo de preocupação nós não precisamos ter, pelo menos por enquanto.
Entrevista realizada quinta feira, por telefone.
contato: fiusa.caio@gmail.com
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